11/08/2023 28534m
Miguel Burnier é o primeiro dos doze Distritos da cidade mineira de Ouro Preto, que aremos a apresentar a partir desta edição. Venha conosco conhecer esses lugares encantadores, cheios de magia e muita história.
PROJETO: “12 DISTRITOS DE OURO PRETO”
Não resta a menor dúvida que a cidade de Ouro Preto é unanimidade quando falamos das Minas Gerais histórica, e que uma viagem até lá é sonho de consumo de incontáveis aventureiros, estudantes, religiosos, aficionados por arte, especialmente as sacras, historiadores e até enamorados, esses últimos a relembrar a saga de Dirceu e Marília.
Também não é demais lembrar que uma visita mais apurada aos atrativos da antiga Vila Rica demanda tempo, já que incontáveis são os pontos de interessas por lá.
O que não percebemos, muitas vezes, é que Ouro Preto é muito mais do que imaginamos, contando também com Doze Distritos de muito interesse histórico espalhados pelas adjacências, conforme tivemos oportunidade de relatar numa matéria especial que fizemos por lá e que seria interessante ser lida antes de avançarmos pelos seus Distrito, bastando o(a) leitor(a) clicar aqui ou na imagem abaixo.
FIQUE AGORA COM O
DISTRITO DE MIGUEL BURNIER (1º)
HISTÓRIA
Os primórdios do Distrito se confundem com o da cidade de Ouro Preto, com a busca sistemática de ouro e demais riquezas minerais, em razão da topografia do local sugerir bom êxito.
A princípio o lugar era conhecido como Região do Rodeio, sediando algumas fazendas mineradoras de ouro.
Foi somente nas últimas décadas do século 19 que o lugarejo começou a ganhar mais notoriedade, já que em sua área seria implantada um grande entroncamento ferroviário, com direito a uma Estação que futuramente ganhou o nome de Miguel Burnier, em homenagem ao diretor da Estrada de Ferro D. Pedro II e engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier.
A chegada do progresso trouxe consigo a instalação de uma usina de ferro, de propriedade do comendador Carlos Wigg e se fez erguer em sua sede uma capela dedicada a São Julião, mesmo nome que seria dado ao incipiente Distrito naquela época.
Pouco tempo depois, em julho de 1918, a esposa do comendador Wigg mandou construir uma nova igreja no local, essa dedicada à Nossa Senhora Auxiliadora de Calastróis, que foi instituída como paróquia.
Essa mesma senhora autorizou, em 1934, que as irmãs da Beneficência Popular do Coração de Jesus, que foram morar naquela região, construíssem uma nova igreja, essa em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus.
Foi somente em 1948 que o Distrito ou a se chamar oficialmente Miguel Burnier, fato que não agradou a maioria dos moradores locais, que preferem entender que tal nomenclatura deve ser dada somente para a área da usina, mantendo-se a área urbana como São Julião.
Os anos se aram e no crepúsculo do século 20 e limiar do 21, o desenvolvimento econômico chegou mais forte no local, juntamente com a degradação ambiental, na mesma proporção.
Se é certo que o Distrito nasceu em tempos de ouro e mineração e se desenvolveu sob a extração do minério de ferro, a chegada da atual empresa, deu asas a um aceleradíssimo processo de êxodo populacional, o que se pode conferir com o abandono geral que encontramos por lá atualmente.
O DISTRITO
Miguel Burnier é o maior Distrito em extensão da cidade de Ouro Preto, e dista da sede, na melhor das hipóteses, cerca de 46 quilômetros, quase todo por estrada de terra batida.
Porém, para os relutantes moradores ainda sediados em Miguel Burnier, o o às cidades de Congonhas ou Ouro Branco ganham em preferência na hora das compras e infraestrutura com bancos etc., já que ambas ficam a menos de 25 km de distância.
Pouco mais de uma dezena de ruas em precárias condições, a maioria sem pavimentação, dispõe de quase uma centena de imóveis, a maioria deles destinadas a moradia, porém, boa parte deles simplesmente abandonados ou em processo de desmonte ou ruínas.
Nenhum comércio ostensivo existe por lá, e pequenos negócios, (3 ou 4) normalmente no ramo de alimentação ou agrícola, seguem sem qualquer aspecto de publicidade ou “aberto ao público”, talvez até por falta de público, máxime visitantes.
O o a área urbana é extremamente precário e o que se destaca são as áreas de mineração que envolvem a pequena vila por todos os seus lados.
Melhor maneira para se avaliar o quanto relatamos é o vídeo que fizemos por lá, principalmente o que utilizamos o drone. As imagens aéreas são impressionantes.
VÍDEO TOUR POR MIGUEL BURNIER
IGREJA SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
A bela, imponente e bem cuidada igreja parece um oásis no meio de um deserto de terra, escavações e barragens.
Praticamente ela está dentro da usina da Gerdau Açominas e até tem sido “cuidada” pela empresa. Porém, numa visão aérea do templo é possível perceber o quão incômoda deve ser a manutenção desse “elefante branco” no meio de escavações para todo lado.
Estacionamos nosso 4×4 junto ao templo, que mais parecia um depósito da mineradora, as voltas com um “paisagismo” no entorno da igreja, quiçá a melhorar a relação com a política de preservação de patrimônio histórico, religiosidade, etc., mas longe de qualquer utilidade econômica ao empreendimento.
Por ironia ou conveniência a bela Igreja de torre única lateral e arquitetura moderna tem o tom terracota, que a confunde com o “paisagismo” predominante das atividades de mineração do entorno.
Não conseguimos o ao templo, tampouco contato com algum representante da igreja, estando ela sob os cuidados de funcionários da mineradora que, obviamente, não permitiram o o.
Soubemos que há uma missa por mês no local e seria a forma para adentramos ao templo.
Por sua vez a primeira igreja da localidade, a de Nossa Senhora de Calastróis, encontra-se em deterioração profunda e na dependência de restauração, que seria feito pela mineradora.
Entretanto, como ela não está em área próxima das atividades de mineração e tem um formato extremamente simples, corre o risco de ir ao chão sem restauro, evitando os ônus com esse encargo.
O QUE FAZER POR LÁ?
A princípio, nada. Se os próprios moradores estão deixando o lugar por falta absoluta de condições de vida, nada há para se fazer por lá nem há interesse em visitações por lá, pois excesso de gente significa incomodo aos trabalhos de mineração.
Porém, cabe a nós, aventureiros, turistas, estudiosos, historiadores, religiosos e até curiosos, incentivarmos visitações em locais desse tipo, acrescentando peso aos apelos pela conservação do patrimônio histórico; do o ao público; da dignidade de seus moradores, etc.
Se olharmos atentamente os mapas da região, vemos inúmeros atrativos turísticos na região que hoje são praticamente impossíveis de se chegar e, se chegarmos, pouco vamos ter a aproveitar pela degradação ambiental, etc.
COMO CHEGAR
A partir da cidade mineira de Congonhas, seguir pela BR-040 e MG-030 até a Estação Lobo Leite, num pequeno trecho de 11 km, seguindo então por terra por mais 13 km.
A partir da cidade de Ouro Branco, seguir pela MG-443 até a Estação Lobo Leite, num pequeno trecho de 13 km, seguindo então por terra por mais 13 km.
Para aquele que partir do centro de Ouro Preto, o caminho mais fácil é pela MG-129 e MG-443 até a Estação Lobo Leite, num considerável trecho de 43 km, seguindo então por terra por mais 13 km.
Outra opção para que parte de Ouro Preto em direção a Miguel Burnier é seguir pela BR-356 até Cachoeira do Campo, num percurso de 24 km, derivando a esquerda no sentido de Engenheiro Correia, por mais 17 km e, finalmente, seguindo novamente a esquerda por mais 14 km pela MG-030, alternando pistas vicinais em asfalto e terra batida, num total de 55 km.
Se você já conhece a região, tem alguma crítica ou sugestão para fazer, envie-nos um comentário a respeito. Será muito útil para nós.
EDITORIAL
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